O objetivo do tratamento é reduzir a dor, facilitar a cicatrização da pele, impedir o desenvolvimento de infecção e prevenir a recorrência da bolha.
As bolhas são tratadas pela aspiração precoce do fluido e pela proteção do teto da bolha.
O melhor tratamento seria aspirar a bolha até 3 vezes em 24 horas preservando seu teto resultando em aderência na base o que permitiria menos desconforto e ainda protegeria a base de infecção secundária.
Estudos sugerem que o epitélio se regenera mais rapidamente com o teto intacto da bolha. Deixar o teto intacto previne a formação de uma crosta mais grossa que agiria como barreira par a migração epitelial retardaria a cicatrização. Portanto, mantenha o teto da bolha e drene o fluido nas primeiras 24h. Quando o teto esta firme na base a dor desaparece. A partir daí deve-se proteger a região até estar reepitelizada com adesivo protetor de bolha, porém colocar uma gaze para o teto da bolha não sair ao retirar o adesivo. Esse protetor previne a região de traumas adicionais. Tempo de cicatrização até duas semanas.
As opções para primeiros socorros durante as competições são curativo pré moldados ou enfaixamentos com fita adesiva. O curativo é elastico, sem tecido e pode ser aplicado em uma peça única. A fita adesiva é de alta resistência a tração e deve ser colocada em faixas sobrepostas. Em um estudo feito para caminhada prolongada foi identificado em competições que o curativo em fixação única tem maior índice de abandono da prova e a bolha apresenta maior tempo para cicatrizar. Ocorrendo então uma preferencia pelas fitas adesivas apesar do tempo ser maior para colocar. A maioria dos atletas cobrem a bolha e param as atividades por alguns dias, porém esse não é o melhor tratamento.
A prevenção da formação de bolhas se baseia na redução da magnitude e numero de ciclos do cisalhamento da pele , e manutenção da saúde da epiderme, alem de desenvolver adaptações para as forças serem melhor toleradas.
As medidas preventivas incluem calçados adequadamente ajustados, deve ter um contraforte firme no calcanhar, ser flexível sobre as articulações metatarsofalangeanas e ter 1/4 de polegada de espaço no final dos dedos até a frente do calçado além de palmilhas antiderrapantes. Palmilhas macias e calçados ajustados corretamente podem efetivamente distribuir as forças por uma superfície reduzindo a força localizada.
Em calçados novos o adesivo protetor pode ajudar. Uma estratégia para calçado novo seria ir aumentando aos poucos o tempo de uso do calçado para ir aumentando a espessura da pele, o que protegeria da formação de bolhas, deverá ser apenas um espessamento da pele sem muito volume. Deve-se considerar as interfaces friccionais entre as superfícies pele-meia, calçado-meia, calçado-chão. Reduzindo a fricção nessas interfaces a força tangencial na pele pode ser reduzida. Reduzindo a fricção nessas outras interfaces a força que agirá na pele pode reduzir. Pessoas com fatores predisponentes a bolhas podem usar dois pares de meias, com uma meia fina seguida pela meia esportiva, o que coloca o ponto de força friccional entre as duas meias. Ou ainda utilizar meias baixa fricção e absorção de umidade.
Usar produtos para manter a pele mais seca como talcos que podem ajudar a prevenir as bolhas. Antitranspirantes ou talcos por 5 dias de uso consecutivo reduz o acúmulo de suor e usar pelo menos 3 dias antes de caminhadas prolongadas o antitranspirante reduz risco de formação de bolha. Entretanto deve-se considerar que ele pode causar irritação na pele. Lubrificantes de pele podem reduzir o coeficiente de fricção prevenindo o surgimento de bolhas, porém não por longos períodos, sendo necessária sua reaplicação mesmo os de maior qualidade. O coeficiente de fricção aumenta acima da linha de base em aproximadamente uma hora pois suas propriedades oclusivas resultam em aumento da umidade da pele.
O treinamento para prevenir a deterioração do movimento com o cansaço durante a prática esportiva e manutenção da flexibilidade também é importante. A remoção de calos deve ser feita para reduzir áreas de alta pressão.Deve-se realizar ainda o corte apropriado das unhas corte apropriado das unhas e observar se não há partículas dentro do calçado ou meia que possam alterar a fricção no local.
Fita protetora com baixo coeficiente de fricção ou curativos / adesivos protetores na pele em regiões de alta pressão nas regiões onde mais aparecem bolhas, por exemplo, nos dedos, calcanhar e antepé e em regiões nos calçados para reduzir fricção.
Alterações biomecânicas do pé requerem correção do defeito subjacente . Por exemplo deformidade dos dedos podem causar bolhas frequentes na região dorsal e a melhor solução é corrigir os dedos, caso não seja possível deverá usar um acolchoamento protetor.Tem pessoas que desenvolvem bolhas nas mãos e pés mesmo realizando todas as medidas preventivas, devido a uma condição genética chamada síndrome de Weber-Cockayne (herança autossômica dominante) e devem ser direcionadas a atividades com menor fricção como ciclismo ou natação.
Espero que consiga evitar suas bolhas e que sua permanência nas atividades esportivas esteja garantida!
Texto: Dra. Raffaela Carneiro CRM 148499
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